O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, causou controvérsia ao apoiar a oração de judeus na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, um local sagrado tanto para judeus quanto para muçulmanos.
Apesar das objeções do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que reafirmou que não haverá mudanças nas regras que proíbem judeus de orar no local, Ben-Gvir defendeu sua posição, afirmando que é sua política permitir tais orações.
מסר חשוב מהר הבית, בתשעה באב: pic.twitter.com/9GYa5CZHHw
— איתמר בן גביר (@itamarbengvir) August 13, 2024
A ação de Ben-Gvir causou indignação de líderes árabes e gerou críticas internacionais, incluindo EUA, ONU e União Europeia que consideraram a medida uma provocação desnecessária em um momento de tensões elevadas na região.
A Autoridade Palestina também condenou Israel por permitir que os fiéis visitassem o local, chamando de “provocação perigosa”.
Segundo um funcionário do Waqf, a administração jordaniana de propriedades religiosas muçulmanas em Jerusalém, cerca de 2.250 judeus oraram, dançaram e hastearam a bandeira israelense na esplanada.
אנחנו עדים בימים אלה לקריסה הממשית של המשטרה, השלב שבו מפקדים בכירים בארגון חוששים לקיים את החוק כדי להתחנף לבן גביר. בית ליד למשל. אין מעצרים ולא היו כי פחדו מבן גביר.
ועכשיו הר הבית. יש עליות המוניות ובניגוד לחוק ולסטטוס קוו, מתפללים ומשתחווים וכו’. בן גביר הרי אישר להם. רק… pic.twitter.com/FFqg2QgbAc— Josh Breiner (@JoshBreiner) August 13, 2024
Tumultos
Durante a movimentação na manhã de terça-feira (13), ocorreu um tumulto quando Ben Gvir visitou o Monte do Templo para marcar o dia de jejum judaico de Tisha B’Av.
A data solene é dedicada ao luto pela destruição dos antigos Templos, que estavam localizados no sítio mais sagrado do judaísmo. Durante a visita, alguns judeus foram filmados orando e se prostrando, desrespeitando as orientações da polícia.
O status quo que rege o complexo, o mais sagrado do judaísmo e o terceiro mais sagrado do islamismo, permite que muçulmanos o frequentem e o utilizem com poucas restrições.
Já os não muçulmanos, incluindo judeus, podem visitar apenas em horários específicos e por um único portão. Judeus praticantes devem seguir uma rota pré-determinada, sendo monitorados de perto pela polícia.
Os palestinos frequentemente acusam Israel de tentar ampliar seu controle sobre o Monte do Templo, tornando a questão extremamente sensível e potencialmente explosiva para a região.
Autoridades de segurança israelenses consideram que violações do status quo podem provocar distúrbios em massa.
O local tem sido cenário de confrontos frequentes entre manifestantes palestinos e forças de segurança israelenses, com as tensões no complexo disputado contribuindo para ciclos de violência anteriores.
Sem permissão para orar
Embora os judeus não tenham permissão oficial para orar no local, a polícia tem tolerado, nos últimos anos, orações limitadas e silenciosas. No entanto, as orações realizadas na terça-feira foram muito mais explícitas, com vários homens se prostrando no chão e gritos altos de “Shema Yisrael” sendo registrados em vídeos.
Segundo o Times of Israel, Ben Gvir estava acompanhado no local pelo colega ministro de Otzma Yehudit, Yitzhak Wasserlauf, e gravou um vídeo, dizendo sobre os sons de “Shema” ao fundo:
“Há um grande progresso aqui em [questões de] soberania e controle israelenses, imagens de judeus orando aqui, como eu disse. Nossa política é permitir a oração.”
Esta foi a terceira vez que o ministro da Polícia fez tal afirmação durante uma visita ao Monte, com o Escritório do Primeiro-Ministro sendo forçado a emitir repetidas negações de que essa seria a política de Israel.
No entanto, a polícia não parece ter tomado nenhuma ação para interromper as orações registradas nos vídeos de terça-feira.
Ben Gvir também disse, com o Domo da Rocha ao fundo, que “devemos vencer esta guerra [contra o Hamas]” e “colocá-los de joelhos”.
O jornalista religioso Arnon Segal estava entusiasmado, escrevendo no X: “O Monte do Templo é nosso. Um dia histórico e dramático: prostrações, canto alto e oração na presença de ministros… Um sonho realizado.”
Gabinete do Primeiro-Ministro
O Gabinete do Primeiro-Ministro novamente refutou a alegação de Ben Gvir, afirmando: “A política no Monte do Templo é definida pelo governo e pelo primeiro-ministro. Não existe política individual de um ministro específico para o Monte do Templo, seja do ministro da Segurança Nacional ou de qualquer outro ministro.”
E foi mais enfático desta vez, diante das evidências das orações, afirmando: “O incidente desta manhã no Monte do Templo representa um desvio do status quo. A política de Israel para o Monte do Templo não mudou.”
Mas Ben Gvir ignorou a reprimenda e reiterou sua afirmação: “A política do ministro da segurança nacional é permitir a liberdade de culto aos judeus em todos os lugares, incluindo o Monte do Templo, e os judeus continuarão a fazê-lo no futuro também”.
“O Monte do Templo é uma área soberana na capital do Estado de Israel”, acrescentou Ben Gvir. “Não há lei que permita o envolvimento em discriminação racista contra judeus no Monte do Templo ou em qualquer outro lugar em Israel.”